A 23 de Março do ano em curso, no Ilulifemo – Chongoene Resort, a Universidade Save realizou a aula inaugural subordinada ao tema “Desenvolvimento Económico Pós-Pandemia em Moçambique: O Contributo das Instituições de Ensino Superior”, cujo orador foi Sua Excelência Joaquim Alberto Chissano, antigo presidente da República de Moçambique.
À respeito do evento, o Magnífico Reitor da Unisave, Prof. Doutor Manuel José de Morais, referiu que o mesmo representava: a abertura do ano académico-2023; um momento de partilha de saberes na comunidade académica e uma forma de acolhimento de estudantes recém-admitidos aos diversos cursos da
universidade. Ademais, referiu que o tema ao qual a aula está subordinada “desencadeia uma reflexão sobre o papel da UniSave no desenvolvimento económico do país por via das actividades de ensino, pesquisa e extensão, sobretudo num contexto em que o país é ciclicamente assolado por desastres naturais que dizimam vidas humanas.”
Sobre o orador da aula, o Prof. Doutor Hipólito Sengulane, a quem coube a responsabilidade de fazer a apresentação do orador, descreveu- o como poliglota, diplomata nato e de formação, político (cuja contribuição passa pela libertação de Moçambique do jugo colonial), líder e governante notável em diversos momentos históricos do país e em várias accções diplomáticas a nível regional, continental e mundial.
Ao tomar a palavra, Doutor Joaquim Chissano fez menção ao misto de sentimentos com que recebeu o convite endereçado pela universidade por reconhecer a complexidade do tema; pelo facto de o mesmo mobilizar o engajamento de saberes e experiências em diálogo; por ser uma oportunidade para a partilha de memórias de processos de gestão pós-crise; por poder despoletar um diálogo futuro no meio académico sobre o tema e, daí, despertar outras possibilidades de reflexão das quais surgirão propostas e acções concretas para o desenvolvimento do país.
Analisando o contexto de surgimento da Covid-19, o impacto social que dele adveio, as medidas tomadas a nível nacional e internacional, concluiu: numa perspectiva comparada, o seu impacto foi relativamente reduzido em resultado das medidas tomadas pelo governo sob assessoria daComissão Técnico-Científica para a Prevenção e Resposta à Covid-19 que, dentre vários actores, era constituída igualmente por académicos.
“Esta avaliação é meramente numa perspectiva comparada”-Destacou. Diante das baixas perspectivas económicas decorrentes do impacto negativo da Covid-19 na
economia, o orador referiu-se à influência igualmente negativa que este facto teve na consecução das actividades das Instituições de Ensino Superior. Diante disso, descreveu as acções que têm sido levadas a cabo para o estímulo à economia pós-pandemia e referiu-se a momentos históricos anteriores em que houve necessidade de traçar estratégias para a reconstrução do país depois de situações de crise. A título de exemplo, fez menção à reconstrução do país pós-guerra colonial, após desastres naturais (ciclones, cheias e inundações) no intervalo entre os anos 80 a 2000, após a guerra dos 16 anos e diante da epidemia do HIV-SIDA. “Porque as experiências galvanizam a resiliência, estas situações todas fizeram com que o país criasse e aprimorasse instituições que possam intervir diante de uma situação idêntica a que se vive nos dias de hoje.”- Sentenciou.
Portanto, num contexto em que o país conta com mais de 50 instituições de ensino superior, o orador destacou que a universidade tem um papel fundamental no processo do desenvolvimento económico (e não só) pós-pandemia em razão do seu contributo na formação do capital humano com elevada competência científica nos domínios do saber fazer. Para consolidar este desiderato, o orador assume que a universidade deve: (a) desenvolver ofertas formativas que munam o cidadão de ferramentas técnicas para fazer face aos desafios actuais; (b) formar profissionais altamente competitivos a nível global; (c) criar condições apropriadas de aprendizagem que permitam a inovação tecnológica e social, pois dela poderá advir a possibilidade de explorar recursos naturais e, a estes, agregar valor. Em linhas gerais, Chissano acredita que para impulsionar o contributo das instituições de ensino superior, as universidades devem colocar o conhecimento ao serviço das demandas económicas pós-pandemia através das suas actividades de pesquisa e extensão.
GCC-UNISAVE
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